As mais de 3 semanas de auto-confinamento
que vivemos e o facto de olharmos o mundo pela janela das redes sociais deram-nos
a oportunidade de entender porquê a escolha de um ditador como figura máxima da
nossa História. Pelo menos ao nível de Castro Daire.
Numa primeira fase - a fase do
#FiquemEmCasa - tristemente, os nossos empresários tiveram de agir por si, uns
mantendo abertos os seus negócios, a maioria encerrando-os, outros tentando
perceber o que haveriam de fazer. E algumas figuras, percebendo bem o seu papel,
limitaram-se a espalhar a sua opinião e conselhos piedosos sobre o modo como
nos protegermos. Ou seja, fomos responsáveis e ninguém – repito ninguém – veio em
nosso auxilio para nos ajudar a coordenar a nossa resposta á crise que todos
adivinhavam.
Numa segunda fase – a do #FiquemEmCasaJá – Portugal declarou o Estado de Emergência. E houve logo quem visse nisso uma suspensão da Democracia. Começaram os apelos à espionagem social. Chegou-se ao ponto de clamar por denúncias dos vizinhos por suspeitas e boatos. Achou-se por bem que medidas restritivas de liberdade individual cegas e sem concretização deviam ser impostas. Pensávamos que tínhamos batido no fundo.
Mas eis que chegamos à terceira
fase – a do #FiquemEmCasaJáBurros. Pouco importa que milhares de castrenses
estejam confinados em casa a cumprir um dever geral de auto-isolamento de modo
ordeiro e consciente. O que é relevante é andarmos por aí a dizer que todos são
irresponsáveis, que todos são inconscientes, que ninguém está a fazer mais do que os
projectos de tiranetes.
Pelo meio vamos assistindo incrédulos a um conjunto de decisões e declarações incompreensíveis.
Pelo meio vamos assistindo incrédulos a um conjunto de decisões e declarações incompreensíveis.
Começo pela já famosa Lei da
Rolha. Por muito que muitos digam que se compreende a não divulgação de dados
de casos confirmados e óbitos a nível micro – leia-se Freguesias – tal só se
deve a um pressuposto: a de que o excesso de informação espalha o pânico. Nada
mais errado. Sabermos quantos casos existem numa dada Freguesia aumenta os
comportamentos de auto-protecção. Sabermos quantos casos estão confinados a
Lares ajudam a compreender quais q como são implementadas as medidas da
protecção. A ausência de informação é que provoca pânico e ansiedade. Direi até
mais: A REGRA DE NÃO DIVULGAÇAO DA INFORMAÇÃO É ILEGITIMA E É MOTIVO DE EXCLUSÃO
DO DEVER DE OBDIÊNCIA HIERARQUICA (voltarei a assunto noutro dia).
Acabemos nos falsos apelos à
união que se vão por aí propalando. Não existem decisões insindicáveis e inquestionáveis!
Não fazer críticas a decisões incompreensíveis não é o mesmo que estar unidos a
coisa alguma! Criticar não é fazer politiquice ou atentar contra a legitimidade
de quem está no poder. Criticar, pensar, falar ou escrever é ser-se democrático.
E em Democracia é tão legitimo como votar numas eleições. A Democracia não está
suspensa e não se esgota no exercício do direito ao voto.
Meus caros habituem-se!
Carlos Bianchi
Meus caros habituem-se!
Carlos Bianchi
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