Há quem defenda que, nas próximas eleições legislativas, os
partidos terão de adoptar uma de duas «narrativas»:
1ª - A narrativa pró-governo, assente na posição de
auto-comiseração, dizendo que a maioria parlamentar, teve de aceitar as imposições
externas, como se não tivesse estado na negociação do memorando de entendimento
assinado pelo XVIII governo constitucional e que agora se inicia o ciclo da
esperança para Portugal;
2ª - A narrativa anti-governo, assente na posição de que o
XIX governo constitucional esteve todos estes 3 anos ao serviço da Economica
Trindade e veio impor a politica de austeridade, por mero interesse de uma agenda,
ideologicamente, ultra-neo-liberal e que Portugal sempre poderia ter optado por
uma restrururação da divida publica, sem sequer explicar o que isto significa.
Quase sem excepção, os que defendem a narrativa pró-governo,
defendem a coligação PSD/CDS-PP.
Quase sem excepção, os que defendem o discurso anti-governo,
estão nos partidos de oposição, desde o PS, embrulhado numa guerra civil que
demonstra o que espera o País de quem não sabe/consegue governar a sua casa, à
CDU inebriada pela subida de percentagem de votos, nas eleições europeias, sem
que, quase, tenha havido uma maior votação efectiva naquela coligação e
passando por um BE a perder eleitorado, menos pelo aumento da emigração jovem
urbana e mais pelo desfasamento do seu discurso.
Salvo o devido respeito, é possível, falar aos eleitores portugueses
em alternativa de governação e defender um discurso divergente das «narrativas»
dominantes. Mesmo quando o nosso partido é uma das partes da maioria
parlamentar que apoia o XIX Governo Constitucional.
Bastará interiorizar na nossa mensagem, o princípio de que,
mais importante que o interesse do partido, seja ele qual for, nas eleições legislativas
de 2015, estará em causa o interesse do País.
O país, hoje, precisa de, finalmente, se adaptar e se tornar
competitivo. Como? Percebendo que vive numa união financeira da Europa, que
necessita de coadunar o seu orçamento às regras dessa união, que precisa de colocar
interior e litoral ao mesmo nível e que só unido e coeso, seguindo o seu
caminho a uma só velocidade o pode fazer.
Para isso, o CDS-PP, como qualquer outro partido, tem de ser
capaz de, depois de sair de uma situação de intervenção económica de credores
externos, na governação, apresentar propostas de aposta no Interior, de criação
de riqueza e de criação de condições para, a prazo, diminuir o peso do Estado
na economia, seja pelo lado da despesa, seja pelo lado da receita.
Mas, mais do que isso, deve o CDS-PP ser competente na sua comunicação
com o País. Como? Fazendo diferente do que aconteceu com a crise de Junho de
2013. Afinal, o Dr. Paulo Portas comunicou ao Primeiro-ministro a sua discordância
face á politica fiscal e económica de então, apresentando a sua demissão. Depois
de negociar com o Primeiro-ministro uma alteração substancial da politica económica
do País, que determinou uma fase de crescimento, ténue e frágil, mas de
crescimento, acabou por recuar, de modo a que Portugal pudesse, em 17 de Maio
de 2014, sair do programa de assistência externa, sem a necessidade de continuação
da trindade económica em Portugal. Fê-lo no interesse de Portugal e não do
CDS-PP, porque seria hoje um herói se se tivesse demitido e se tivéssemos passado
por uma antecipação das legislativas. Mas o que resta daquela crise é a questão
da sinonímia da palavra «irrevogável».
Podemos estar no Governo e ainda assim ser alternativa deste
governo, afirmando estar prontos a defender o interesse de Portugal? Utilizando
a expressão de Barak Obama: «Sim, podemos!»
Estamos prontos para demonstrar aos Portugueses que sempre
estiveram em primeiro lugar, apesar de, fruto das políticas despesistas do
passado, termos de assegurar o cumprimento de medidas difíceis, para repor as
nossas finanças em ordem? «Sim, estamos!»
Temos a força de não seguir o caminho mais fácil e de não
estregarmos o nosso trabalho àqueles que só querem usar o nosso esforço e o
nosso património de credibilidade, pela defesa de valores, para se catapultarem
para os lugares cimeiros, sempre prontos a atirar-nos a primeira pedra, quando algo
corre menos bem? «Sim, temos!»
Que faremos?
Vale a pena pensar nisto.
Carlos Bianchi