terça-feira, 2 de março de 2021

A quem interesse ou das razões pelas quais renunciei ao mandato na AM e na CP do CDS-PP

No dia de ontem, 01 de Março de 2021, renunciei ao cargo de Vice-presidente da Comissão Política do CDS-PP de Castro Daire e ao mandato de Deputado Municipal. Não tenho qualquer intenção de gastar muito mais minutos no assunto que me leva a escrever, hoje. Mas os eleitores de Castro Daire e, em particular, do CDS local merecem uma explicação.

Em outras condições, a renúncia ao cargo partidário não implicaria, necessariamente, a demissão do cargo autárquico. Porém, ambas estão intrinsecamente ligadas ao mesmo fundamento: aparentemente, o exercício livre e critico dos poderes e deveres de deputado são incómodos para os objectivos da Comissão Política do CDS-PP.

Em causa estão um conjunto de pedidos de documentos e informações feitas pelo deputado do CDS (e nessa condição) à Câmara Municipal. Umas em 04/02/2020 que até hoje não tiveram resposta. Outras, mais recentes, a propósitos dos processos de regularização de dividas do mandato de 2013/2017, nos quais o Município foi condenado a pagar mais de 450 mil euros.

Num primeiro momento havia interesse do CDS-PP local nas informações e documentos solicitados e actuação do deputado era conhecida e concertada com o partido. Agora e sem que nada, de essencial, tenha mudado, foi-me  comunicado pelo Presidente da Comissão Política que o partido já não quer essas informações e documentos e que o fez saber a quem tinha o dever de os apresentar.

Num mesmo acto, pedem-me que sacrifique a minha liberdade, a minha consciência critica e a minha visão sobre os interesses do concelho e retiram-me a legitimidade política de fiscalizar quem o deve ser.

Na política, como na vida só sei ser de um modo: estarei sempre onde considerem que acrescento e que sou útil, não estarei onde me vêm como um obstáculo. Na política, não ascendi, nem quero ascender ao pináculo do racionalismo: não mudo de posição, facilmente e à luz de interesses particulares ou meramente partidários, sacrificando princípios, valores e o interesse público.

Parafraseando muito livremente Ary dos Santos: Serei tudo o que disserem por temor ou negação. Político castrado? Não!

Siga-se agora o correr normal destes dias anormais. Ignore quem acha que esta comunicação é irrelevante e desconhecida. Apreciem favorável e silenciosamente os que melhor me conhecem e sabem efectivamente quem sou. Respirem de alívio os que, visivelmente e ocultamente, se incomodam com quem não tem preço. E venham os indigentes mentais comentar a atitude, como se ao espelho se olhassem

Uma última palavra para todos os Castrenses e para todos os militantes do CDS-PP que agraciaram com a vossa confiança, nos últimos anos. Bem haja! Saio hoje de cabeça erguida, por ter exercido os cargos que me confiaram, com erros certamente, mas dando sempre o meu melhor.

Carlos Bianchi