Não querendo parecer um daqueles escritores que, há
falta de melhores referências, se vai auto-citando, a minha ausência (deste
mundo da “opinião” escrita) é consequência, directa, da «reforma» do Mapa
Judiciário. Nem podia deixar de ser. Afinal, como há muito previ, a necessidade
de me deslocar (e comigo muitos cidadãos e colegas) para a cidade de Viseu,
vai-me tirando o tempo que preciso para realizar muitas outras coisas, como escrever.
Tal como a perda dos tribunais (mesmo que se mantenham as secções de
proximidade) tirou, aos nossos concelhos, muitas das pessoas que ali realizavam
os seus negócios do dia-a-dia, sempre que havia «juro». O Scolari tinha
razão!!!
Deixando de lado os lamentos, abordo o episódio
grego que vamos vivendo. O SYRIZA está, efectivamente, a fazer aquilo que se
comprometeu com o povo grego – está a tentar negociar com os credores, melhores
condições para o pagamento da sua dívida e alterar as condições da austeridade
que lhe foi imposta. O problema é a técnica de negociação que está a ser usada
pelo governo. Que me perdoem os gregos, mas negociar na base do “quero ir para
ilha” ou do “agarrem-me senão eu atiro-me” parece-me errada, embora tenhamos
todos ouvido muitos avanços e recuos da parte da liderança europeia (refiro-me
claramente às posições da Alemanha e da França). As consequências reais da
actual posição grega são, ainda, difíceis de prever, sendo certo que a saída do
EURO, por parte da Grécia levará, inevitavelmente, ao apontar de armas ao país
mais fraco do elo. Temo que o senhor que se segue seja o nosso Portugal!!!
Deixando as tragédias gregas, volto-me para
Portugal e para as futuras eleições legislativas. De um lado, uma coligação que
governou o País, em condições difíceis e sem soberania, submetida a um regime
de supervisão estrangeira. Fez tudo bem? Claro que não, mas governar tem esse
problema – nem sempre se acerta. Mas fez tudo o possível, para que o País
saísse da situação em que estava? Acredito que sim e a verdade é que, hoje, já
não estamos sob supervisão, hoje já temos condições de obter financiamento
externo com alguma facilidade, hoje já podemos ver alguns sinais de
melhoramento da economia. Falta realizar o que todos esperamos – melhorar as
condições de vida dos Portugueses. Do outro lado, os partidos de oposição
tradicionais. O maior partido de oposição, sem um quadro de soluções
alternativas, apostando na politica do centro e à espreita, depois de um golpe
palaciano, de regressar ao governo. Os demais apostados em dizer, sempre sem
demonstrar, que tem uma visão e propostas alternativas, mas que rejeitam ser
solução de governo. Além disso, surgem os fenómenos dos novos partidos,
nascidos do despeito ou num quadro de populismo fácil. A verdade é que os
Portugueses vão ter de escolher entre estas soluções, cientes de que a sua
escolha irá ser essencial à sobrevivência do País. Que a escolha seja feliz!!!
Deixando a reflexão sobre o País, volto-me para o
meu Concelho. Sofrendo com o facto de ser um concelho do interior, parece-me
que estamos a sentir essa condição, como um fado intransponível. Parece que
sentimos ser o nosso destino o despovoamento, a ausência de investimento, a
incapacidade de gerar novos empregos, a falta de aposta no nosso património. É verdade
que, o facto de o nosso Município não ter uma aposta clara em políticas de
desenvolvimento e divulgação contribui para isso. Também é verdade que, se
estivermos mais preocupados em festas e episódios mais próprios para a
fotografia de ocasião, do que em apresentar soluções para Concelho,
contribuímos para o empobrecimento de Castro Daire. Mas terá de facto que ser
assim? Claro que não. Porque não apostar na criação de condições de instalação
de novas empresas no concelho, concedendo isenção de taxas, cedendo espaços
para as necessidades iniciais, operando a reversão dos lotes não edificados na
zona industrial e colocando-os, de novo, à disposição dos novos investidores? Porque
não deixar de realizar festas pontuais, apostando na criação de um programa
anual de realização de eventos, de forma integrada e que permitam a divulgação
da nossa Serra, dos nossos rios, das nossas termas e do nosso património
histórico, trazendo cá o que nos falta - gente? São apenas duas ideias, mas
delas resultaria a criação de uma nova dinâmica para o concelho!!!
Deixando, agora, a visão sobre Castro Daire,
volto-me para algumas questões mais pessoais. Há quem julgue importante
divulgar o seu papel de crítico destrutivo e sem constituir alternativa real,
em certos sectores da sociedade. Existem alguns que, sendo incapazes de
alcançar objectivos pessoais, pelo mérito, se dedicam à maledicência, à intriga
e à criação de suspeitas sobre quem, na sua visão retorcida, constitui um obstáculo,
aos seus objectivos. O resultado destas acções é, sempre, a conquista de
«vitórias» pessoais e efémeras. Contributo para o enriquecimento da comunidade
e/ou entidade? Nenhum. Constituição de uma alternativa real? Como diz o nosso
povo, ZERO. Não é tempo de nos deixarmos de olhar só para o nosso umbigo? Creio
que assim fosse todos ganharíamos mais!!!
Carlos Bianchi.