quarta-feira, 17 de junho de 2015

(IN)CONSEQUÊNCIAS.

Não querendo parecer um daqueles escritores que, há falta de melhores referências, se vai auto-citando, a minha ausência (deste mundo da “opinião” escrita) é consequência, directa, da «reforma» do Mapa Judiciário. Nem podia deixar de ser. Afinal, como há muito previ, a necessidade de me deslocar (e comigo muitos cidadãos e colegas) para a cidade de Viseu, vai-me tirando o tempo que preciso para realizar muitas outras coisas, como escrever. Tal como a perda dos tribunais (mesmo que se mantenham as secções de proximidade) tirou, aos nossos concelhos, muitas das pessoas que ali realizavam os seus negócios do dia-a-dia, sempre que havia «juro». O Scolari tinha razão!!!

Deixando de lado os lamentos, abordo o episódio grego que vamos vivendo. O SYRIZA está, efectivamente, a fazer aquilo que se comprometeu com o povo grego – está a tentar negociar com os credores, melhores condições para o pagamento da sua dívida e alterar as condições da austeridade que lhe foi imposta. O problema é a técnica de negociação que está a ser usada pelo governo. Que me perdoem os gregos, mas negociar na base do “quero ir para ilha” ou do “agarrem-me senão eu atiro-me” parece-me errada, embora tenhamos todos ouvido muitos avanços e recuos da parte da liderança europeia (refiro-me claramente às posições da Alemanha e da França). As consequências reais da actual posição grega são, ainda, difíceis de prever, sendo certo que a saída do EURO, por parte da Grécia levará, inevitavelmente, ao apontar de armas ao país mais fraco do elo. Temo que o senhor que se segue seja o nosso Portugal!!!

Deixando as tragédias gregas, volto-me para Portugal e para as futuras eleições legislativas. De um lado, uma coligação que governou o País, em condições difíceis e sem soberania, submetida a um regime de supervisão estrangeira. Fez tudo bem? Claro que não, mas governar tem esse problema – nem sempre se acerta. Mas fez tudo o possível, para que o País saísse da situação em que estava? Acredito que sim e a verdade é que, hoje, já não estamos sob supervisão, hoje já temos condições de obter financiamento externo com alguma facilidade, hoje já podemos ver alguns sinais de melhoramento da economia. Falta realizar o que todos esperamos – melhorar as condições de vida dos Portugueses. Do outro lado, os partidos de oposição tradicionais. O maior partido de oposição, sem um quadro de soluções alternativas, apostando na politica do centro e à espreita, depois de um golpe palaciano, de regressar ao governo. Os demais apostados em dizer, sempre sem demonstrar, que tem uma visão e propostas alternativas, mas que rejeitam ser solução de governo. Além disso, surgem os fenómenos dos novos partidos, nascidos do despeito ou num quadro de populismo fácil. A verdade é que os Portugueses vão ter de escolher entre estas soluções, cientes de que a sua escolha irá ser essencial à sobrevivência do País. Que a escolha seja feliz!!!

Deixando a reflexão sobre o País, volto-me para o meu Concelho. Sofrendo com o facto de ser um concelho do interior, parece-me que estamos a sentir essa condição, como um fado intransponível. Parece que sentimos ser o nosso destino o despovoamento, a ausência de investimento, a incapacidade de gerar novos empregos, a falta de aposta no nosso património. É verdade que, o facto de o nosso Município não ter uma aposta clara em políticas de desenvolvimento e divulgação contribui para isso. Também é verdade que, se estivermos mais preocupados em festas e episódios mais próprios para a fotografia de ocasião, do que em apresentar soluções para Concelho, contribuímos para o empobrecimento de Castro Daire. Mas terá de facto que ser assim? Claro que não. Porque não apostar na criação de condições de instalação de novas empresas no concelho, concedendo isenção de taxas, cedendo espaços para as necessidades iniciais, operando a reversão dos lotes não edificados na zona industrial e colocando-os, de novo, à disposição dos novos investidores? Porque não deixar de realizar festas pontuais, apostando na criação de um programa anual de realização de eventos, de forma integrada e que permitam a divulgação da nossa Serra, dos nossos rios, das nossas termas e do nosso património histórico, trazendo cá o que nos falta - gente? São apenas duas ideias, mas delas resultaria a criação de uma nova dinâmica para o concelho!!!

Deixando, agora, a visão sobre Castro Daire, volto-me para algumas questões mais pessoais. Há quem julgue importante divulgar o seu papel de crítico destrutivo e sem constituir alternativa real, em certos sectores da sociedade. Existem alguns que, sendo incapazes de alcançar objectivos pessoais, pelo mérito, se dedicam à maledicência, à intriga e à criação de suspeitas sobre quem, na sua visão retorcida, constitui um obstáculo, aos seus objectivos. O resultado destas acções é, sempre, a conquista de «vitórias» pessoais e efémeras. Contributo para o enriquecimento da comunidade e/ou entidade? Nenhum. Constituição de uma alternativa real? Como diz o nosso povo, ZERO. Não é tempo de nos deixarmos de olhar só para o nosso umbigo? Creio que assim fosse todos ganharíamos mais!!!

Carlos Bianchi.