Cinco de Novembro de 2013, 22 horas.
Saído do escritório, em Aveiro, há
menos de 10 minutos, ligo o carro. O radio sintoniza, automaticamente, a
estação TSF, minha companheira de viagem.
Depois do intervalo para a
publicidade, a voz familiar do jornalista dá a notícia de última hora: «Morreu
Nelson Mandela, o homem que venceu o racismo». Morreu Madiba, pensei.
A ilustrar a noticia, as palavras de
Mandela no dia da sua libertação (11 de Fevereiro de 1990).
Recordo as imagens que vi na
televisão de um homem que, saindo da prisão, era recebido como um herói.
Gritava «Amandla» e respondia-lhe o
povo «Awethu». «Poder para o povo». Eis a essência da democracia.
Recordo o trabalho que fiz na
escola, nesse ano, sobre a vida de um homem que, quando foi julgado, por um
regime racista, declarou "Durante a minha vida, dediquei-me à luta do povo africano. Lutei contra
a dominação branca, lutei contra a dominação negra. Acalentei o ideal de uma
sociedade livre e democrática na qual as pessoas vivam juntas em harmonia e com
oportunidades iguais. É um ideal para o qual espero viver e realizar. Mas, se
for preciso, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer”. Eis a essência de um revolucionário da paz.
Recordo que, nesse ano,
me envolvi na primeira manifestação pró-direitos humanos, em favor de
Timor-Leste, mas sempre com a inspiração de Madiba. Eis um verdadeiro exemplo
para um jovem.
Recordo ter lido, já
mais velho, uma declaração de Madiba, já não sei bem onde, que me põe a pensar
sobre a questão do racismo: “Ninguém
nasce odiando outra pessoa por causa da cor da sua pele, da sua origem ou da
sua religião. Para odiar é preciso aprender. E se podem aprender a odiar, as
pessoas também podem aprender a amar”. Eis o exemplo de tolerância
Recordo que Mandiba
também foi Advogado. E que o seu exemplo de vida deve constituir o padrão do
profissional: lutar de forma leal e serena pela conquista dos direitos fundamentais
da Humanidade. Eis a essência do Advogado
Recordo que Madiba é um exemplo
igual a outros defensores da conquista dos direitos humanos pela via da não-agressão,
como Gandhi ou Martin Luther King. Eis o que o tornou um Homem Extraordinário.
Recordo que Madiba foi um chefe de
estado, que conseguiu evitar que a sua nação seguisse o exemplo de outros países
africanos e tentou que brancos e negros continuassem juntos na terra onde
nasceram ou em que escolheram viver. Filho de retornados, pensei: «porque não foste tu, Madiba, o líder de
Angola na transição para a Independência».
Recordo que Madiba adoptou um lema: “TUDO
PARECE IMPOSSIVEL ATÉ QUE SEJA FEITO”. Eis o exemplo de quem nunca desistiu
perante as adversidades da vida.
Hamba kakuhle Madiba (Vai em paz, Madiba)