Nota prévia: não colocamos qualquer reserva ao apoio à Selecção de
Portugal. Adeptos confessos de futebol e orgulhosos da nossa bandeira e do
nosso País, não podíamos deixar de estar ao lado de quem nos representa no
mundo. Mas apenas enquanto cidadãos!
Na Assembleia Municipal de Castro Daire, que decorreu no dia 25 de
Junho de 2018, fomos surpreendidos, pelo facto do Executivo, não se saber “de cabeça” o valor que o Município
pagou, pelas transmissões dos jogos de Portugal, no Jardim Municipal. Face a
esta não resposta, começou a ouvir-se que cada jogo de Portugal, custaria ao Município,
cerca de € 2.000,00.
Claro está que, procurando esclarecer o assunto, colocamos ao
Executivo, por escrito, uma serie de perguntas sobre a veracidade desses
rumores.
Afinal a ser verdade, a presença de Portugal na fase de grupos do
Mundial de 2018, terá custado, pelo menos seis
mil euros. Isto para não falar, noutras despesas com o apoio à selecção que
ainda não vimos explicadas.
Mas mais! A ser verdade, então aquilo que, em 25 de Junho de 2018,
parecia uma boa medida de gestão municipal (e na nossa óptica é a forma
correcta de gerir os dinheiros públicos), acaba por ser absorvida por uma
despesa que está longe de ser uma prioridade. Veja-se.
Na Assembleia Municipal foi autorizada a contratação de um empréstimo
de cerca de cento e nove mil euros.
A justificação para essa operação foi, para nós evidente. O Executivo
pretende contrair um novo empréstimo, com a duração de três anos, para pagar
outros dois (anteriores e no mesmo valor) e que terminariam dentro desses três
anos. Com esta simples operação, o executivo poupará cerca de mais de cinco mil
euros, nos juros contratualizados.
Dizendo de outro modo, o Município, mantendo os empréstimos anteriores
até ao seu fim (no segundo semestre de 2021), pagaria cerca de € 7.510,00, de
juros contratualizados. Contratando o novo empréstimo, pagará, no fim de 2021,
cerca de € 1.720,00, de juros. O que significa que, nos próximos 3 anos, haverá
uma poupança efectiva de cerca de € 5.790,00.
Boa medida, pensamos nós, quando nos foi apresentada. Afinal, mesmo
parecendo pouco relevante, para os orçamentos municipais (cerca de 0,01% da média
de despesa paga pelo Município nos últimos 10 anos), é sempre bom que a
poupanças se façam, em despesas que não retirem direitos às pessoas, como os
juros bancários.
Porém, a ser verdade que as transmissões da nossa Selecção, na fase de
grupos do mundial, custaram, cerca de € 6.000,00, para que serviu a poupança?
Se o malogrado jogo de Portugal contra o Uruguai, teve esse custo,
será sensato gastar-se num ano (cerca de oito mil euros), mais do que se poupará
nos próximos três?
Por outro lado, se na transmissão televisiva do jogo Portugal-Uruguai,
que decorreu dentro das instalações do Auditório Municipal, não tivermos tido
esse custo (eventualmente por terem sido usados meios só do Município), porque não
se fez sempre assim?
Recordaremos, sempre, sempre as palavras de Arrigo Sacchi: «o futebol
é a coisa mais importante, daquelas que menos importância têm». Máxima que
deveria estar presente, quando se tomam decisões de aplicação de recursos não
ilimitados
Carlos
Bianchi
(Por opção e convicções próprias, escrevo segundo as
regras anteriores ao acordo ortográfico)