sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Hamba kakuhle Madiba (Vai em paz, Madiba)

Cinco de Novembro de 2013, 22 horas.

Saído do escritório, em Aveiro, há menos de 10 minutos, ligo o carro. O radio sintoniza, automaticamente, a estação TSF, minha companheira de viagem.

Depois do intervalo para a publicidade, a voz familiar do jornalista dá a notícia de última hora: «Morreu Nelson Mandela, o homem que venceu o racismo». Morreu Madiba, pensei.
A ilustrar a noticia, as palavras de Mandela no dia da sua libertação (11 de Fevereiro de 1990).
Recordo as imagens que vi na televisão de um homem que, saindo da prisão, era recebido como um herói. Gritava «Amandla» e respondia-lhe o povo «Awethu». «Poder para o povo». Eis a essência da democracia.
Recordo o trabalho que fiz na escola, nesse ano, sobre a vida de um homem que, quando foi julgado, por um regime racista, declarou "Durante a minha vida, dediquei-me à luta do povo africano. Lutei contra a dominação branca, lutei contra a dominação negra. Acalentei o ideal de uma sociedade livre e democrática na qual as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal para o qual espero viver e realizar. Mas, se for preciso, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer”. Eis a essência de um revolucionário da paz.
Recordo que, nesse ano, me envolvi na primeira manifestação pró-direitos humanos, em favor de Timor-Leste, mas sempre com a inspiração de Madiba. Eis um verdadeiro exemplo para um jovem.
Recordo ter lido, já mais velho, uma declaração de Madiba, já não sei bem onde, que me põe a pensar sobre a questão do racismo: Ninguém nasce odiando outra pessoa por causa da cor da sua pele, da sua origem ou da sua religião. Para odiar é preciso aprender. E se podem aprender a odiar, as pessoas também podem aprender a amar”. Eis o exemplo de tolerância
Recordo que Mandiba também foi Advogado. E que o seu exemplo de vida deve constituir o padrão do profissional: lutar de forma leal e serena pela conquista dos direitos fundamentais da Humanidade. Eis a essência do Advogado
Recordo que Madiba é um exemplo igual a outros defensores da conquista dos direitos humanos pela via da não-agressão, como Gandhi ou Martin Luther King. Eis o que o tornou um Homem Extraordinário.
Recordo que Madiba foi um chefe de estado, que conseguiu evitar que a sua nação seguisse o exemplo de outros países africanos e tentou que brancos e negros continuassem juntos na terra onde nasceram ou em que escolheram viver. Filho de retornados, pensei: «porque não foste tu, Madiba, o líder de Angola na transição para a Independência».
Recordo que Madiba adoptou um lema: “TUDO PARECE IMPOSSIVEL ATÉ QUE SEJA FEITO”. Eis o exemplo de quem nunca desistiu perante as adversidades da vida.
Hamba kakuhle  Madiba (Vai em paz, Madiba)
 

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

COMO OS NÚMEROS DESMASCARAM OS SENTIMENTOS

Alguns são os que hoje proclamam José Sócrates como o «melhor líder político português da actualidade». 
Quando as qualidades de alguém são avaliadas subjectivamente, podemos sempre dizer que tudo é possível.
Mas quando a qualidade é avaliada, objectivamente, tende a desmentir o que os sentimentos afirmam.
José Socrates, António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes e Passos Coelho, tem algo em comum: todos, apresentando-se a eleições, foram escolhidos para ser primeiro-ministros de Portugal, entre 1995 e 2013.
Enquanto  primeiro-ministros tinham a obrigação de propor e executar as políticas necessárias para garantir o desenvolvimento económico e social do País.
Todos falharam nessa missão.

Se não veja-se:
Entre 1995 e 2012, a evolução do nosso Produto Interno Bruto, caiu de um crescimento anual efectivo de 8% para um decréscimo efectivo de - 3%. E em 2013 (no primeiro semestre) continua o nosso PIB a decrescer em cerca de -2%.

Mais grave do que isso, a nossa dívida pública, entre 1995 e 2012, passa de cerca de 60% do nosso PIB (ou seja, da nossa riqueza) para cerca de 120% do mesmo. E, em apenas 6 meses de 2013, a nossa divida externa ultrapassa já 130% do nosso PIB.


Além disso, entre 1995 e 2012, os nosso governos sempre tiveram as contas publicas deficitárias, entre cerca de 5% e 6,5%. Em meados de 2013, o nosso déficit cifrava-se já em cerca de 7%


Os dados acima indicados provam que todos os nossos primeiro-ministros dos últimos 18 anos falharam as suas políticas económicas e levaram o país ao empobrecimento.

Mas para perceber o papel de cada um destes primeiro-ministros na nossa derrocada é necessário ver outros números.

António Guterres, entre 1995 e 2002, conseguiu que o PIB português crescesse, em média,  7% ao ano, manteve a divida sempre abaixo dos 60% do PIB e manteve um déficit, em média, de  4%.

Durão Barroso, primeiro, e Santana Lopes, depois, entre 2002 e 2005, conseguiram que o PIB português crescesse, em média,  3,5% ao ano, aumentaram a divida nacional dos 56,6%  do PIB para 66% deste e aumentaram o déficit das contas publicas de 3,4% para 6,5%.

José Sócrates, entre 2005 e 2011, conseguiu que o PIB português crescesse, em média, cerca de 2% ao ano (embora em 2009 o PIB tenha decrescido cerca de  2% e em 2011 tenha descido cerca de 1%), aumentou a divida nacional de 66%  do PIB para 102% e manteve um déficit, em média, de  6%.

Passos Coelho, entre  2011 e meados, conseguiu que o PIB português decrescesse, em média, cerca de 2% por ano, aumentou a divida nacional de 102%  do PIB para 131% e manteve um déficit, em média, próximo dos  6%.
Concluindo
Afirmar que José Socrates é «melhor líder político português da actualidade» só pode ser uma mistificação da realidade. Não é possivel dar um tal tributo a quem consegue a proeza de fazer crescer menos a nossa riqueza, aumenta a nossa divida quase 100% e obtem déficits proximos dos 10% dois anos consecutivos

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A JUVENTUDE DA NOSSA DEMOCRACIA

O regime democrático português tem, hoje, mais de 39 anos. Transpondo essa idade para a vida de um ser humano, em condições normais, a democracia portuguesa teria feito a sua escolaridade obrigatória há 24 anos, ter-se-ia licenciado (se assim fosse a sua vontade) há (pelo menos) 15 anos, estaria no mercado de trabalho há (pelo menos) 15 anos, seria mãe há (pelo menos) 9 anos, etc…
Isto serve para dizer que não é assim tao jovem a nossa democracia, nem a hipotética juventude serve para justificar tudo, ou desresponsabilizar todos. No entanto, há ainda quem não tenha percebido que, em Portugal, existe democracia e não tenha percebido quais as regras que esta impõe à sociedade.
Escrevo isto, depois de ficar a saber alguns episódios, que não sendo surpreendentes, são difíceis de entender.
Um primeiro episódio é o de um alto cargo da função pública que, tendo sido candidato autárquico, se diverte a castigar o seu subordinado, apenas e só, porque teve a coragem de ser candidato por outro partido. O estranho é que a candidatura onde esse dirigente estava incluído usava, como bandeira eleitoral, o facto do adversário ser conhecido por perseguir os subordinados. E ainda mais estranho se torna, quando sabemos que o funcionário castigado era totalmente dedicado ao tal dirigente.
Um segundo episódio é o de um serviço público que, sendo dirigido por um candidato autárquico, não observa nem o princípio da imparcialidade, nem o princípio do respeito pela livre expressão da opinião. Utilizando o propósito, mais do que justo, de observar o princípio da igualdade, nas compras que o organismo faz, o dirigente acaba por afastar a aquisição de bens, no estabelecimento de alguém, que tinha razoes pessoais para ser adverso (e não o escondia) a um outro candidato. Pasme-se, o dirigente e o candidato faziam parte da mesma candidatura eleitoral.
Um terceiro episódio é o de um funcionário público achar que pode ameaçar e insultar um seu colega, apenas e só, porque este é candidato de um determinado partido e o director do seu serviço integrar outra candidatura. Mas mais grave, é o facto de as ameaças se concretizarem apos a campanha eleitoral.
Um quarto episódio é o de uma pessoa, licenciada e aparentemente dotada de formação superior, que deixa de socializar com outra, apenas e só, porque esta tem a coragem de ter uma opinião própria. Mas mais grave é o facto de tal opinião contrária ter sido expressa em público e em defesa dos interesses da população de uma dada aldeia.
Os episódios atrás descritos provam  que Abraham Lincoln tinha razão quando disse que: "se quiser pôr a prova o caráter de um homem, dê-lhe poder. ".
Mas, mais preocupantemente, provam que, ainda, há quem não saiba conviver com as mais elementares regras democráticas, por um mero defeito do seu próprio carácter.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

UMA NOVA VOZ PARA A DEMOCRACIA EM CASTRO DAIRE

Até finais de 2003, Castro Daire era, para mim, apenas um nome de uma terra.

Uma localidade onde havia passado para ir visitar os meus avós, em São Pedro do Sul, vindo de Vila Nova de Gaia, onde cresci. Uma terra que era mencionada no romance «Amor de Perdição» e não pelas melhores razões. Afinal era o domínio de um dos vilões da história e palco de um homicídio. Um concelho que fica ao lado daquele onde nasci.

Em finais de 2003, por casualidade do destino, Castro Daire passou a ser uma referencia para mim. Afinal, a pessoa que viria a ser a minha esposa, teve a felicidade de aqui encontrar um trabalho. Continuando um projecto de vida, acabei por comprar casa, estagiar, montar escritório, ser pai e aumentar a minha rede de amizades, em Castro Daire, lugar que escolhi para viver.

Naturalmente, Castro Daire tornou-se um lugar importante para mim e para a minha família. Por isso, quando me convidam para contribuir para o desenvolvimento do Concelho é meu dever contribuir, da melhor forma, com o que sei e posso. E foi o que fiz, quando decidi aceitar o convite de me envolver na campanha eleitoral autárquica de 2013 e ser candidato do CDS-PP.
A experiência, apesar dos resultados menos felizes, foi e está ser muito gratificante.

Em primeiro lugar, fiquei a conhecer melhor o Concelho e descobri factos e lugares que, de outro modo, ficariam sempre por conhecer.
Em segundo lugar, porque conheci pessoas fantásticas, capazes de lutar por princípios e pela sua terra, alheias a interesses privados ou partidários, apenas e só porque querem criar oportunidades para todos.
Em terceiro lugar, porque dei o meu contributo para um projecto digno, serio e apostado na construção de um melhor futuro para todos.
Disputadas as eleições, os Castrenses decidiram dar a sua confiança a outras pessoas. Decisão que respeito, democraticamente.

Por mim, afirmo aqui o meu compromisso para continuar a ser uma voz activa na defesa dos interesses de Castro Daire. É também por isso que me comprometo a expressar a minha opinião e, com isso, contribuir para a descoberta de soluções para os problemas que nos afectam dia-a-dia.

Termino por hoje, lançado aqui mais um espaço de opinião que se pretende livre, informada e capaz de contribuir para divulgar, dignificar e beneficiar o Concelho.
Bem-haja a todos.
Carlos Bianchi