terça-feira, 13 de março de 2018

O nosso Património

A propósito da mais recentes noticias sobre o estado da Ponte 25 de Abril e das obras necessárias, à sua manutenção, deparámo-nos com uma realidade premente – como encaramos o nosso património e qual a sua prioridade nas nossas preocupações?

Começamos por dizer que o património de que falamos não é, apenas, constituído pelos bens físicos de que, de uma forma ou outra, utilizamos no dia a dia. A estes acrescem os nossos valores, as nossas convicções e as nossas tradições.

Assim, constituem o nosso património o respeito pelos símbolos da nossa pátria, a matriz dos valores a que devemos obediência, aqueles momentos que vivemos, entre outros. E, sem qualquer dúvida, que, no nosso património, entram, também, as obras de arte, edificadas ou adquiridas, por nós e pelos nossos antepassados, que pretendemos deixar para os nossos descendentes.

Olhando assim para o património, não deixamos de considerar que, infelizmente, não lhe dirigimos o melhor do nosso tempo, nem a necessária atenção. Hoje, cada vez mais perdemos a noção da importância que ele deve ter, no nosso dia-a-dia.

Não acredita, o amigo Leitor?

Há já algum tempo que, no edifício do Tribunal de Castro Daire, esvoaça uma Bandeira Nacional, puída e esfarrapada. Passamos por ela, distraídos e sem a vermos, habituados à sua triste existência. Não será já tempo de ser substituída?

Há muito que, em Portugal, a propósito de futebol, surgem discursos radicalizados, violentos e sem qualquer assomo de desportivismo. Falamos do que alguém disse ser a “coisa mais importante de todas as coisas que importam coisa nenhuma”. Não é já tempo de vermos o futebol como o que, na realidade, é – apenas um desporto?

Regressando a Castro Daire, um edifício, património nacional, como o Mosteiro da Ermida, está votado, há anos, a um inexplicável desconhecimento. Trata-se de uma obra de arte, muito singular, pouco divulgada e pouco conhecida do público, pese embora o esforço dedicado de muitos que o estudam e estudaram. Obra edificada, aliás, muito próximo da rota do Românico, mas ignorada por esta. Não será já tempo de tentar, com o seu proprietário, fazer divulgar esse monumento e, com isso, trazer ao concelho mais visitantes, mais investimento e maior desenvolvimento?

Finalmente, a propósito de algumas posições públicas sobre, por exemplo, as touradas há quem se horrorize pela defesa da tradição tauromática. Mesmo quando (e bem) defendem, apreciam e publicitam tradições como as nossas Lutas de Bois. Não será tempo de refletir sobre essa incoerência?

Estes nossos 4 exemplos servem apenas para provocar a reflexão sobre que prioridades damos ao nosso património, material e imaterial, comunitário ou pessoal. Em suma, ao nosso quadro de referências que queremos deixar aos nossos filhos e netos.

E, como todas as nossas publicações, expressam a nossa, singular opinião, que, valendo o que vale, nos vincula, individualmente. Claro que haverá sempre quem, que sobre isto, faça uma leitura, pessoal e que reflete a sua própria convicção, diferente da do autor. É o problema de qualquer comunicação, consciente, livre e voluntária – exige sempre um emissário e um receptor e, se escrita, será permanente. Umas vezes ignorada, outras vezes hipervalorizada.

É a vida!

Carlos Bianchi

entre-o-montemuro-e-o-paiva.blogspot.pt


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