No momento que escrevo, ainda
não sabemos os resultados das eleições europeias.
Tristemente, em eleições de
elevada importância para a construção europeia, falou-se de tudo, menos da
Europa. Nas campanhas eleitorais, por toda a Europa, os partidos quiseram,
acima de tudo, fazer referendos internos aos governos nacionais, sem, com isso,
perceber que tal desígnio, apenas, faz crescer o sentimento de desapego dos cidadãos,
para com a União Europeia.
Afinal, se as eleições europeias
servem apenas para premiar e/ou castigar um governo nacional, para que serve o
Parlamento Europeu? Se estas eleições servem para reforçar os partidos de
sempre ou para reforçar os partidos ultranacionalistas e ultraesquerdistas,
para quê votar em candidatos que são sempre os mesmos e/ou são contra as instituições
a que se candidatam? Se as eleições servem para referendar a imagem de figuras
como José Socrates, Passo Coelho, Santana Lopes e Durão Barroso, porque não se
candidatam estes? Se as eleições servem para chamar a atenção dos desvarios de
uma politica voltada para o endividamento excessivo, típica do executivo socrático,
ou para a excessiva austeridade e imposição de sacrifícios sobre os cidadãos, típicos
do executivo pós-troika, porque é delas resulta a eleição de deputados, no
Parlamento Europeu? Estas são as questões do eleitor, perante campanhas que,
servindo para compor o Parlamento Europeu e para determinar o modo de
funcionamento e construção da Europa, é utilizada pelos partidos de uma forma,
no mínimo, inconsequente.
Confesso que queria ter visto os
candidatos a dizer, aos Portugueses, que Europa querem. Queria ver os
candidatos afirmar, claramente, que tem uma visão mais federalista ou mais
integracionista da Europa. Queria os candidatos discutir sobre os mecanismos de
solidariedade, de coesão regional, de financiamento e de liberdade de movimento
da União Europeia. Queria ver os candidatos discutir a necessidade de criar políticas
económicas e de defesa comuns. Queria ver os candidatos a discutir reformas
essenciais na Europa, como a eleição directa da Comissão Europeia, o reforço
dos poderes legislativos do Parlamento Europeu e a criação de instrumentos que
tragam coerência às legislações nacionais, por exemplo, a nível fiscal e penal.. Não tivemos, nestas eleições, nada
disso.
Acima de tudo, queria ter visto
uma lição de democracia por parte dos responsáveis políticos nacionais,
distritais e concelhios. Queria que os candidatos não se tivessem enlameado em
ataques pessoais e episódios que nada esclarecem. Queria que os responsáveis políticos
distritais conseguissem respeitar os acordos que firmaram, nome dos seus
partidos e não tivessem mudado as regras do jogo a meio. Queria que os responsáveis
concelhiam tivessem uma cultura de respeito democráticos e não se deixassem
levar pelo chico espertismo, de alguns. Aliás, queria mesmo que alguns, que
acham que são o centro do universo, percebessem que, em democracia e na vida,
uma coligação exige que se trabalhe em equipa, que haja uma negociação os
aspectos práticos da mesma e não se compadece de uma visão autocrática. Também não
tivemos nada disso.
Apesar disso, não deixarei nunca
de exercer o meu direito de voto. Fá-lo-ei, desde logo, por uma razão histórica
– afinal os meus pais não passaram anos, sem a possibilidade de votar e
expressar o seu sentimento, para eu, hoje, desperdiçar esse direito. Fá-lo-ei,
porque sei que Europa quero e que caminho devo seguir para conquistar a União
Europeia que melhor serve os seus cidadãos. Fá-lo-ei, porque não consigo
aceitar que uma visão racista e demagógica possa ter assento no Parlamento de
uma Europa construída para a Paz e União dos Estados e dos seus cidadãos.
Fá-lo-ei porque não vejo porque haveria da Europa retroceder para os tempos de
uma ditadura marxista e populista, que não teve outro mérito que criar estados
belicistas.
Em 25 de Maio de 2014, exercerei
o meu direito de voto, consciente de qual o melhor caminho para Portugal e para
a Europa. Espero que os Portugueses, façam o mesmo e não se deixem ficar em
casa, desperdiçando assim o seu direito e a sua voz.
Vale a pena pensar nisto.
Carlos Bianchi
http://entre-o-montemuro-e-o-paiva.blogspot.pt/
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